Em convenção, PSDB defende
saída de Dilma e convocação de eleições
Isadora
Peron, Pedro Venceslau, enviado especial - O Estado de S. Paulo
Ao reconduzir Aécio Neves para comandar o partido,
tucanos fecham questão em torno de abreviar o mandato da presidente via ação no
TSE
Atualizado
às 06h50 do dia 06/07/2015
BRASÍLIA
- Embalado pelo agravamento da crise política do governo Dilma Rousseff, o
senador Aécio Neves (MG) foi reconduzido nesse domingo, 5, para mais um mandato
à frente do PSDB em uma convenção marcada por discursos nos quais os tucanos
não falaram em impeachment, mas defenderam abertamente a realização de novas
eleições antes de 2018.
Conforme
uma estratégia previamente combinada, os líderes do partido no Senado e na
Câmara fizeram os discursos mais fortes sobre a possibilidade de abreviação do
mandato presidencial. O movimento foi tema de uma reunião na manhã de ontem no
apartamento do senador Tasso Jereissati (CE). Antes do embarcar em uma van para
a convenção, o “Estado-Maior” tucano sacramentou a nova bandeira a ser
defendida.
Os
tucanos esperam chamar atenção da opinião pública e pressionar os ministros do
Tribunal Superior Eleitora (TSE). Em ação protocolada em dezembro do ano
passado, o PSDB pede que a presidente seja declarada inelegível por abuso do
poder político e econômico na campanha. Apesar de ter feito uma fala mais
moderada que a dos correligionários, Aécio também apostou no julgamento da ação
protocolada pelo partido no TSE. “Os sucessivos escândalos que aí estão
consolidam a ideia de que instalou-se no Brasil um modus operandi organizado e
sistematizado que agora coloca sob gravíssima suspeição a campanha que elegeu a
atual presidente da República e seu vice e que, neste mesmo instante, está
sendo investigada pelo TSE”, disse Aécio, derrotado por Dilma no 2.º turno.
Em outro
trecho do discurso, que durou cerca de 30 minutos, o senador exaltou a
possibilidade da interrupção do mandato de Dilma. “Esse grupo político, que
sempre conviveu mal com o contraditório, está caminhando a passos largos para a
interrupção deste mandato”, disse.
Na saída
da convenção, ele foi questionado por jornalistas sobre as conversas que
estariam acontecendo entre as cúpulas do PMDB e PSDB em relação ao cenário
político em caso de impeachment de Dilma.
Conforme
reportagem publicada sábado pelo Estado, peemedebistas sondaram o PSDB sobre um
eventual apoio no caso de o vice-presidente Michel Temer assumir o governo.
“Não cabe ao PSDB antecipar a saída da presidente. Não somos golpistas”,
respondeu o tucano. “Vejo que alguns partidos que hoje apoiam o governo têm
esse sentimento mais aflorado que o nosso, de que ela terá condição de terminar
o mandato”, concluiu o senador, em referência indireta aos peemedebistas.
A
avaliação reservada dos tucanos é de que o PMDB fez um “balão de ensaio” para
testar a opção de apoiar o impeachment em troca da garantia de um eventual
apoio do PSDB no Congresso.
Aécio
Neves foi reconduzido à presidência do PSDB
‘Prontos’.
Depois de
esfriar o discurso em defesa do impeachment feito por parlamentares tucanos no
começo do ano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também radicalizou
ontem. “O PSDB não poderá fugir da sua responsabilidade de, dentro da lei,
levar (o processo) até fim. Não somos donos nesse momento do que vai acontecer
nas semanas seguintes. Mas estamos prontos a assumir, dependendo das
circunstâncias, o que vem pela frente”, declarou.
Líder
tucano no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) convocou os tucanos a irem às ruas nas
manifestações marcadas para o dia 16 de agosto contra a presidente Dilma e
defendeu que o PSDB defenda “abertamente” a bandeira de novas eleições. “O
caminho natural será a convocação de novas eleições. Proponho que o PSDB possa
formalmente, em suas instâncias de direção, deliberar pela defesa aberta da
realização de novas eleições. Vamos levar às ruas a bandeira das novas
eleições.”
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