A política às
vésperas da implosão
Por Rogério Jordão | Rogério Jordão
Foto: Joedson Alves/ Reuters
Não bastasse a situação econômica
adversa, o governo Dilma parece enfrentar, no seu início, uma pororoca
política. Os sintomas, na verdade, são de que a política tal e qual a
conhecemos está à beira da implosão.
O PMDB é situação e oposição simultaneamente; no PT seus integrantes
atiram-se uns aos outros à fogueira quando convém; o candidato a presidente do
PSDB passa a campanha falando de Minas Gerais e perde justamente lá. O número
de partidos políticos não para de aumentar (um ao ano, em média), embora 75% da
população os rejeitem, um índice recorde segundo as pesquisas.
Difícil escapar à percepção de que algo está fora da ordem e que não diz
respeito apenas às circunstâncias do momento.
O buraco é muito mais embaixo. Os primeiros sinais vieram das ruas, em
junho de 2013. Ficou evidente o fosso entre o que fazem, dizem e querem os
políticos e as demandas da sociedade. Parecem que falam línguas diferentes. De
lá para cá, o buraco não foi tapado. Se pontes foram construídas, está difícil
de enxergá-las.
Neste cenário, o escândalo da Petrobras e a futura entrada em cena dos
parlamentares citados nas delações premiadas (com provável julgamento no STF)
pode ser o estopim da implosão. Para parte da oposição isto significará
impeachment, embora Dilma, com seu estilo ausente, como se as tormentas não
lhes dissessem respeito, tenha mostrado grande capacidade de sair ilesa de
naufrágios (e até fortalecida).
Mas o terremoto pode ser mais significativo do que isso.
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